SGT PEPPERS LONELY HEARTS EM 2037 TERÁ UMA NOVA EDIÇÃO?
Back cover do CD remasterizado em 2009
ELUCUBRAÇÕES NADA IMPROVÁVEIS
Números, rotações, “bits and bytes”, compressões e resoluções estão em jogo. Penso na inverdade sobre tecnologia como se fosse algo dos deuses, inatingível e incontestável. Se tecnologia e qualidade higiênica fossem os únicos atributos válidos e louváveis, estaremos nos ajoelhando à uma qualidade de procedimento antes de qualificar arte na percepção cultural que pressupõe um desenvolvimento da arte em sí e não o desenvolvimento da indústria de empacotamento desta mesma arte. O que então será do futuro dos registros sonoros originais ditos “masters”? Imagino que em futuro muito próximo, a tecnologia das gravações de áudio vai cobrar uma valor agregado nas apresentações físicas. Quando Sgt Peppers fizer 70 anos, em 2037, talvez eu esteja na onda de jovem velhice do genial pensador e professor Edgar Morin (quem não ama monsieur Morin com se charmoso discurso e impecável articulação sobre temas sociais e filosóficos ainda hoje aos 97 anos de vida intensamente vivida?). Estarei vivo para colocar o dedo na ferida sobre a perda ou quase descarte do elemento físico do disco? Escrevo neste momento com um mínimo arriscado em futurologia e com a coerência de acompanhar a sedução da música gravada e empacotada há mais de cinquenta anos hoje.
Desde as bandas inglesas dos anos 1960 e o blues americano muito mais tradicional, estou mergulhado em coletar, ouvir, editar e comentar gravações desde a segunda década do século vinte, fazendo uma parada obrigatória nos meados dos anos 1960 quando da chegada da alta fidelidade o que não me significa mais fidelidade em termos estranhamente absolutos.
Creio que em 2037 quando alguém encomendar a vigésima (será ?) masterização da (quase) maior obra musical pop do século vinte, o assistente Google ou Alexa perguntarão em presença holográfica, e no seu pé do ouvido se você deseja a obra embalada ou residente in natura no seu sistema auditivo comandado por movimento craniano numa memória flash queimada à distância e que reside no seu próprio corpo mediante um regular pagamento mensal pela beleza de ser abastecido, rastreado e cobrado. O seu assistente virtual (que é uma empresa nada virtual) te oferecerá na opção embalada o certo custo por uma uma pequena obra de arte negociável com uma rede de marchands credenciados pela divindade, deus dos direitos autorais residente em múltiplos endereços e que tem sua sede em algum deserto onde se erguem torres de negócios (não tributados) onde a EMI deverá ocupar 80 m² para cinco funcionários dos quais dois dois são artificiais fabricados na sobrevivente Silicon Valley. Estou desenhando o que seria a embalagem do vigésimo remaster do Sgt. Peppers. Um dia desses vou publicar as imagens ainda em 2020 e estarão à venda.
Sami Douek
consulta.sami@gmail.com
ELUCUBRAÇÕES NADA IMPROVÁVEIS
Números, rotações, “bits and bytes”, compressões e resoluções estão em jogo. Penso na inverdade sobre tecnologia como se fosse algo dos deuses, inatingível e incontestável. Se tecnologia e qualidade higiênica fossem os únicos atributos válidos e louváveis, estaremos nos ajoelhando à uma qualidade de procedimento antes de qualificar arte na percepção cultural que pressupõe um desenvolvimento da arte em sí e não o desenvolvimento da indústria de empacotamento desta mesma arte. O que então será do futuro dos registros sonoros originais ditos “masters”? Imagino que em futuro muito próximo, a tecnologia das gravações de áudio vai cobrar uma valor agregado nas apresentações físicas. Quando Sgt Peppers fizer 70 anos, em 2037, talvez eu esteja na onda de jovem velhice do genial pensador e professor Edgar Morin (quem não ama monsieur Morin com se charmoso discurso e impecável articulação sobre temas sociais e filosóficos ainda hoje aos 97 anos de vida intensamente vivida?). Estarei vivo para colocar o dedo na ferida sobre a perda ou quase descarte do elemento físico do disco? Escrevo neste momento com um mínimo arriscado em futurologia e com a coerência de acompanhar a sedução da música gravada e empacotada há mais de cinquenta anos hoje.
Desde as bandas inglesas dos anos 1960 e o blues americano muito mais tradicional, estou mergulhado em coletar, ouvir, editar e comentar gravações desde a segunda década do século vinte, fazendo uma parada obrigatória nos meados dos anos 1960 quando da chegada da alta fidelidade o que não me significa mais fidelidade em termos estranhamente absolutos.
Creio que em 2037 quando alguém encomendar a vigésima (será ?) masterização da (quase) maior obra musical pop do século vinte, o assistente Google ou Alexa perguntarão em presença holográfica, e no seu pé do ouvido se você deseja a obra embalada ou residente in natura no seu sistema auditivo comandado por movimento craniano numa memória flash queimada à distância e que reside no seu próprio corpo mediante um regular pagamento mensal pela beleza de ser abastecido, rastreado e cobrado. O seu assistente virtual (que é uma empresa nada virtual) te oferecerá na opção embalada o certo custo por uma uma pequena obra de arte negociável com uma rede de marchands credenciados pela divindade, deus dos direitos autorais residente em múltiplos endereços e que tem sua sede em algum deserto onde se erguem torres de negócios (não tributados) onde a EMI deverá ocupar 80 m² para cinco funcionários dos quais dois dois são artificiais fabricados na sobrevivente Silicon Valley. Estou desenhando o que seria a embalagem do vigésimo remaster do Sgt. Peppers. Um dia desses vou publicar as imagens ainda em 2020 e estarão à venda.
Sami Douek
consulta.sami@gmail.com
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